O incentivo a leitura é muito mais abrangente do que ler ou mediar à leitura. A complexidade de muitos ou “poucos” pesquisadores do assunto nos remete a estudos, ideias, avaliações e análises que finalizam nas estantes das bibliotecas ou nos repositórios de pesquisas. A prática fica para mediadores que tem a obrigação de conhecer estes estudos, afinal para todos os assuntos existe um estudo pronto.
Depois de histórias, desenhos e textos lidos e refletidos no projeto de leitura do qual participo, consegui decodificar os signos e sinais que estão nas entrelinhas e nos rodapés de cada ação, participação de amigos, colegas e admiradores do projeto, sugestões que não foram poucas, sonhar que podemos fazer melhor e não somente discutir, mas colocar em prática.
A idéia de ocupar crianças em leitura e tirá-las da rua foi presunçosa em pensar que só aprenderiam a valorizar a leitura se houvesse um livro e um espaço diferente. Há uma forma mais dinâmica e agradável para incentivá-las a ler, existe um campo aberto de imagens, informações e aprendizagem que podemos oferecer. A proposta não diz respeito a todos os profissionais da informação, pois não podemos exigir que todos pretendam ser um mediador de leituras para crianças. O campo do profissional da informação é vasto e depende de cada um e de suas ambições e metas. A intelectualidade da criança depende da família, da escola e do meio que ela vive. Não falta campo para os bibliotecários interagir nesta guerra em favor das crianças.
Neste período que estivemos juntos eu e as crianças, descobrimos a infinidade de caminhos que podemos trilhar e conseguir valorizar a leitura e ampliar o mundo e as oportunidades de um caminho diferente para todas elas. O pouco que fizemos nos dá uma amplitude do problema, mas a luz também apareceu diante de cada rosto, de cada diálogo e de cada expressão, nos resta querer e nos preparar, para uma batalha que está apenas começando.
Em um trabalho do grupo (Elinalda, Gildete, Ricardo, Valéria e Yeda), da Disciplina Ação Cultural do Curso Biblioteconomia e Ciência da Informação da FESPSP, ministrada pela Professora Tânia, analisamos alguns textos que nos remetiam a um mesmo tema: ação cultural. Conseguimos apresentar algumas idéias para aplicar a prática de ação cultural em uma biblioteca fictícia que correspondesse ao projeto e proposta do nosso Blog Leituras.com. São elas:
Exercitar a decodificação de diferentes produtos culturais (HQs, literatura nacional, revistas de atualidades, jornais diários) dependendo do gosto de cada público
Promover encenação dos textos considerados clássicos para alcançar o interesse
Realizar encontros semanais de leitura e trazer a realidade do cotidiano de cada um para a biblioteca; mostrando a diversidade do conhecimento de cada elemento
Criar um Concurso Cultural com temas interessantes que faça parte da realidade de cada um. “Atividade cognitiva”
Resgatar a memória por meio visual, com exposições de fotos, indicações de livros, objetos de época e exibição de documentários, visando à valorização do passado
A nós é dada a construção do conhecimento quando realizamos formas e atos de ação cultural, ensinar e aprender, e aos que interagimos o desenvolvimento de cidadania. Como meio e mediador o profissional da informação alavanca a capacidade de transformar informações em atividades humanas na área sociocultural.
Textos lidos para a reflexão das práticas de ação cultural
ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de; MACHADO, Elisa. Bibliotecas comunitárias em pauta. In: ENCONTROS COM A BIBLIOTECA: BIBLIOTECAS COMUNITÁRIAS E POPULARES: DIÁLOGO COM A, 1., 2006, São Paulo. Bibliotecas comunitárias em pauta. São Paulo: Centro de Documentação e Referência do, 2006. p. 1-26. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/biblioteca/download/bibliotecas_comunitarias_e_populares_.pdf Acesso em: 24 abr. 2011.
FLUSSER, Victor. Bibliotecas como um instrumento de Ação Cultural. Revista de biblioteconomia da UFMG. Belo Horizonte, v.12, n.2, p. 145-169, set.1983. _____________. Biblioteca. Cotia: Ateliê, 2002.
MELLO, Denise A.; HIAGON, Ricardo; TAUANY, C. Pazini. A cultura da periferia. In: Saraus na periferia na cidade de São Paulo: práticas de ação cultural. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Biblioteconomia e Ciência da Informação) – Fundação Escola e Sociologia Política de São Paulo, 2010. p. 37-41
MILANESI, Luis. A cultura do centro. In: ____________. A casa da invenção: biblioteca: centro de cultura. São Caetano do Sul: Ateliê Editorial, 1997. p. 131-149
VILLANI, Elvira. A Biblioteca Pública como Pólo mediador de cultura. São Paulo: 2006. 88f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização Latu Sensu) – Gerência de Sistemas e Serviços de Informação. Escola de Sociologia e Política de São Paulo, 2006