sábado, 28 de maio de 2011

Leituras.com

O incentivo a leitura é muito mais abrangente do que ler ou mediar à leitura. A complexidade de muitos ou “poucos” pesquisadores do assunto nos remete a estudos, ideias, avaliações e análises que finalizam nas estantes das bibliotecas ou nos repositórios de pesquisas. A prática fica para mediadores que tem a obrigação de conhecer estes estudos, afinal para todos os assuntos existe um estudo pronto.

Depois de histórias, desenhos e textos lidos e refletidos no projeto de leitura do qual participo, consegui decodificar os signos e sinais que estão nas entrelinhas e nos rodapés de cada ação, participação de amigos, colegas e admiradores do projeto, sugestões que não foram poucas, sonhar que podemos fazer melhor e não somente discutir, mas colocar em prática.

A idéia de ocupar crianças em leitura e tirá-las da rua foi presunçosa em pensar que só aprenderiam a valorizar a leitura se houvesse um livro e um espaço diferente. Há uma forma mais dinâmica e agradável para incentivá-las a ler, existe um campo aberto de imagens, informações e aprendizagem que podemos oferecer. A proposta não diz respeito a todos os profissionais da informação, pois não podemos exigir que todos pretendam ser um mediador de leituras para crianças. O campo do profissional da informação é vasto e depende de cada um e de suas ambições e metas. A intelectualidade da criança depende da família, da escola e do meio que ela vive. Não falta campo para os bibliotecários interagir nesta guerra em favor das crianças.

Neste período que estivemos juntos eu e as crianças, descobrimos a infinidade de caminhos que podemos trilhar e conseguir valorizar a leitura e ampliar o mundo e as oportunidades de um caminho diferente para todas elas. O pouco que fizemos nos dá uma amplitude do problema, mas a luz também apareceu diante de cada rosto, de cada diálogo e de cada expressão, nos resta querer e nos preparar, para uma batalha que está apenas começando.

Em um trabalho do grupo (Elinalda, Gildete, Ricardo, Valéria e Yeda), da Disciplina Ação Cultural do Curso Biblioteconomia e Ciência da Informação da FESPSP, ministrada pela Professora Tânia, analisamos alguns textos que nos remetiam a um mesmo tema: ação cultural. Conseguimos apresentar algumas idéias para aplicar a prática de ação cultural em uma biblioteca fictícia que correspondesse ao projeto e proposta do nosso Blog Leituras.com. São elas:

Exercitar a decodificação de diferentes produtos culturais (HQs, literatura nacional, revistas de atualidades, jornais diários) dependendo do gosto de cada público

Promover encenação dos textos considerados clássicos para alcançar o interesse

Realizar encontros semanais de leitura e trazer a realidade do cotidiano de cada um para a biblioteca; mostrando a diversidade do conhecimento de cada elemento

Criar um Concurso Cultural com temas interessantes que faça parte da realidade de cada um. “Atividade cognitiva”

Resgatar a memória por meio visual, com exposições de fotos, indicações de livros, objetos de época e exibição de documentários, visando à valorização do passado

A nós é dada a construção do conhecimento quando realizamos formas e atos de ação cultural, ensinar e aprender, e aos que interagimos o desenvolvimento de cidadania. Como meio e mediador o profissional da informação alavanca a capacidade de transformar informações em atividades humanas na área sociocultural.

Textos lidos para a reflexão das práticas de ação cultural

ALMEIDA, Maria Christina Barbosa de; MACHADO, Elisa. Bibliotecas comunitárias em pauta. In: ENCONTROS COM A BIBLIOTECA: BIBLIOTECAS COMUNITÁRIAS E POPULARES: DIÁLOGO COM A, 1., 2006, São Paulo. Bibliotecas comunitárias em pauta. São Paulo: Centro de Documentação e Referência do, 2006. p. 1-26. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/biblioteca/download/bibliotecas_comunitarias_e_populares_.pdf Acesso em: 24 abr. 2011.

FLUSSER, Victor. Bibliotecas como um instrumento de Ação Cultural. Revista de biblioteconomia da UFMG. Belo Horizonte, v.12, n.2, p. 145-169, set.1983. _____________. Biblioteca. Cotia: Ateliê, 2002.

MELLO, Denise A.; HIAGON, Ricardo; TAUANY, C. Pazini. A cultura da periferia. In: Saraus na periferia na cidade de São Paulo: práticas de ação cultural. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso (Biblioteconomia e Ciência da Informação) – Fundação Escola e Sociologia Política de São Paulo, 2010. p. 37-41

MILANESI, Luis. A cultura do centro. In: ____________. A casa da invenção: biblioteca: centro de cultura. São Caetano do Sul: Ateliê Editorial, 1997. p. 131-149

VILLANI, Elvira. A Biblioteca Pública como Pólo mediador de cultura. São Paulo: 2006. 88f. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização Latu Sensu) – Gerência de Sistemas e Serviços de Informação. Escola de Sociologia e Política de São Paulo, 2006

6 comentários:

  1. Caríssimo Anônimo,

    Vejamos, depois de tantas discussões não poderia deixar de me pronunciar, já que os ânimos agora estão mais tranqüilos.
    Foi muito interessante você causar sem depois ter-se pronunciado nos Blogs como pessoa real que é.
    Gostaria de saber se tudo o que colocou nos comentários era absolutamente de sua autoria, digo: pessoa real e não fictícia.
    O dialogo sempre vence. Talvez não fosse um dialogo que estabelecemos no Blog e sim um egocentrismo querendo ouvir a própria voz. Valeu à pena cada palavra, cada discurso e afinal não podemos agradar a todos. O mínimo de compreensão é necessário para o crescimento.
    Estarei à espera do próximo comentário como pessoa real!

    ResponderExcluir
  2. Olá Gildete,

    Depois dos meus comentários como anônimo apareceram vários outros, as opiniões expressas por mim transmitiam aquilo que eu realmente pensava e teve um pouco de "invenção" também - ou personagem, como queira.
    Pude observar que como a profª Andrea mesmo disse, quando fazemos algo - projeto, trabalho etc... - tratamos aquilo como filho/a, não aceitando nenhum tipo de crítica a respeito, e levando qualquer opinião contraria para o lado pessoal.
    Pude ouvir que meus comentários não trouxeram nenhuma discussão relevante - crítica - para o andamento dos blogs, dentro dessa perspectiva eu pergunto em qual cartilha estava escrito como eu deveria agir?
    Como eu digo ninguém gosta de ser criticado, o problema é como lidamos com essas críticas, simplesmente irar-se é fácil, o difícil e com argumentos defender aquilo que você acredita e reconhecer que a crítica traz melhorias e crescimento quando bem analisadas.
    Não adiantaria por exemplo entrar novamente em todos os blogs e comentar como eu mesmo, já que a maioria das opiniões ou comentários seriam os mesmos, dessa forma minhas opiniões seriam apenas falácia.
    Como você mesma disse não podemos agradar a todos, e se não agradar é ser original e crítico, independente do que vão pensar, continuarei sendo uma pessoal desagradável.

    Abraço!

    ResponderExcluir
  3. Caríssimo,

    Não é desagradável! É somente um tanto sério! Escreve bem e sabe disso! Não tinha nada contra o anônimo, mas não sabia onde ele queria chegar.
    Mas... vc leu a postagem ou só leu a carta?

    ResponderExcluir
  4. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  5. Sem desacordos com esse texto!

    Tudo que fazemos deve ter alguma base material, esse blog, sua experiências com as crianças é o que nos dá base para, hoje, concluir: a sociedade caminha para degeneração e barbárie. Mas há saída. E vc, Gil, certamente é daquelas que estará no exército lutando pela extinção dessa velha e podre sociedade e pela contrução de uma nova, na qual a infância poderá ser exercida plenamente, e o melhor do ser humano vai florescer!
    Eu não tenho dúvidas disso!

    De novo, parabéns!
    Beijos

    ResponderExcluir
  6. Li seu texto, achei ótimo! Me lembrei do "Direito a Literatura", do Antonio Candido, um dos textos mais bonitos sobre leitura e o potencial dos livros! Um beijo, fique com Deus!
    Renato Brigati

    ResponderExcluir